Talvez você já tenha recebido uma ligação da sua operadora de telefonia celular sugerindo a adesão a um pacote de serviços que se ajuste ao seu perfil de uso com o objetivo de reduzir sua conta mensal. O fato de a operadora conhecer seu perfil de uso coloca em discussão a privacidade das pessoas.
Em pouco tempo, as concessionárias de distribuição de energia começarão a fazer o mesmo usando dos recursos dos medidores eletrônicos, que fazem parte da infraestrutura do Smart Grid. Esses medidores são tão sensíveis que podem detectar que tipo de aparelho está em uso e em que horário.
Não estranhe em receber uma ligação e o atendente informa-lo que sua máquina de lavar está sendo utilizada todos os dias da semana entre 9 horas e 11 horas da manhã e oferecer-lhe um novo modelo de uma determinada marca para reduzir seu consumo de energia. Se você trabalha e tem empregada doméstica, provavelmente, você não tem essa informação.
Se a concessionária tiver acesso ao seu perfil no Facebook ela conhecerá seus hábitos e amigos melhorando suas ofertas de produtos e serviços. Novas tecnologias de coleta e analise de dados, como o Big Data, conseguem identificar tendências de consumo e comportamento das pessoas.
Com isso, as concessionárias poderão tornar-se uma grande loja de produtos e serviços, a exemplo da Ampla no Rio de Janeiro que já comercializa refrigeradores, seguros, planos odontológicos e opera uma loja virtual.
A partir do momento que esses dados são manipulados fora do contexto da tarifação cria-se um potencial risco de quebra de confidencialidade. As concessionárias devem rever sua estratégia de segurança da informação e ampliar a proteção dos dados dos clientes para garantir a confidencialidade e prevenir contra fraudes eletrônicas.
Desta forma, é imperativo que os órgãos do governo e as agências reguladoras, juntamente com as distribuidoras e sociedade em geral, discutam e estabeleçam normas de uso para as informações coletadas pelas concessionárias de energia, telecomunicações e outros serviços ao cidadão.