Controle metrológico nos medidores eletrônicos do Smart Grid

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Uma das áreas importantes dos projetos de Smart Grid é a medição eletrônica e remota do consumo de energia dos consumidores. Os novos medidores eletrônicos além de realizar a medição do consumo incorporam outras funcionalidades tais como: bloqueio do consumo de energia, histórico das cargas durante o dia, entre outras.

Na área de medição os desafios são grandes. Uma questão que deve ser resolvida é a depreciação dos novos equipamentos eletrônicos que não podem seguir o critério dos atuais medidores analógicos que é de 13 anos.  Equipamentos eletrônicos devem ser depreciados no máximo em cinco anos. Isso implica na substituição de milhões de medidores eletrônicos depois do período de depreciação.

Outro ponto é a atualização do software dos medidores para corrigir erros, incorporar novas facilidades e melhorias na robustez do código.

Com o avanço e sofisticação dos crimes cibernéticos, os softwares ficam comprometidos em média no período de seis meses. Nesse tempo, os crackers quebram as chaves de segurança usando técnicas de força bruta e obtêm acesso ao código dos equipamentos. Um exemplo concreto é o mercado de fraudes dos sistemas de TV por assinatura onde as instruções de acesso através de equipamentos clandestinos são publicadas na Internet.

No setor de telecomunicações, embora a medição seja realizada de forma centralizada existem incorreção na tarifação. Os erros são tantos que existem empresas de consultoria especializadas em recuperar valores cobrados indevidamente e são remuneradas por taxa de sucesso.

Por características físicas da energia só é possível à medição no ponto de consumo. O desafio é garantir que o software instalado no medidor remoto não foi alterado e que as atualizações realizadas pela concessionária tenham sido certificadas pelo órgão fiscalizador.

Esse controle exige um modelo de governança que garanta a distribuição de software, a integridade, à proteção e a rastreabilidade do software atendendo os critérios segurança da informação e em conformidade com a metrologia legal.

O processo de segurança começa na arquitetura do software do medidor eletrônico que deve incorporar mecanismos de verificação e autoproteção. Deve existir um controle de mudança de versão que garanta que o software homologado e certificado pelo órgão regulador seja o mesmo que será distribuído e instalado nos medidores eletrônicos.

Devem incorporar mecanismos de auditoria para que o órgão regulador possa verificar a conformidade do processo. Entretanto, esse processo não pode comprometer a privacidade do cidadão com o acesso não autorizado ao seu perfil de uso da energia dentro da sua residência.

Essas discussões podem devem ser realizadas no contexto do Smart Metering e faz parte dos desafios do Smart Grid.

Por Eduardo Fagundes

Eduardo Fagundes é fundador da nMentors. Engenheiro, professor, pesquisador e empreendedor. Como executivo (C-Level) desenvolveu projetos de tecnologia na Alemanha, Argentina, Estados Unidos, Índia, Inglaterra e Itália. No Brasil, lidera projetos complexos de tecnologia e sustentabilidade para os setores de engenharia, manufatura, serviços e energia. Atua como coordenador acadêmico em projetos educacionais avançados de capacitação profissional.