Gás de Xisto: Oportunidade para reduzir o custo da energia

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O uso de gás de xisto é responsável pela dramática redução do preço da energia nos Estados Unidos. As maiores reservas de xisto encontram-se na China, Estados Unidos e Argentina. O Brasil possui a 10º maior reserva do mundo. Nosso volume estimado é 17 vezes maior que o atual volume de reservas provadas de gás natural, de aproximadamente 336 bilhões de m3 – dados do Ministério de Minas e Energia. De acordo com o relatório da AIE, as reservas de gás não convencional no Brasil estão concentradas na região Centro-Sul.

O gráfico abaixo mostra o histórico da geração de energia térmica no Brasil nos últimos doze meses. Podemos notar que a produção de energia cresceu, significativamente, a partir de agosto de 2012. A própria decisão do governo de manter em operação contínua as termoelétricas reflete na tendência de alta de geração a gás. Nesse período, a Petrobrás teve a necessidade de importar gás para manter o abastecimento das termoelétricas. O valor do gás foi subsidiado pelo governo para evitar um custo maior da energia. Mesmo assim, o governo está solicitando às empresas do setor elétrico o pagamento de parte do custo extra das termoelétricas. Observem que a produção das termoelétricas a óleo e bi combustível também aumentaram no mesmo período e a produção das térmicas de biomassa caíram a partir de novembro de 2012.
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Grafico historico de geracao termica por tipo de fonte fev2013
Figura: Histórico da geração de energia térmica no Brasil. Fonte: CCEE

O primeiro leilão de blocos de gás será no fim de outubro. Normalmente eles estão incluídos nos leilões de exploração de petróleo. A decisão é para incentivar a exploração de gás natural e aumentar a segurança energética em todo o país.

Segundo a ANP, as bacias que serão licitadas no leilão de outubro são Parecis, Recôncavo, Acre, Parnaíba, São Francisco e Paraná. Nesses três últimos, há fortes indícios que haja gás de xisto.

A produção de energia usando gás de xisto competirá com as outras energias renováveis, como eólica, fotovoltaica e as pequenas centrais hidroelétricas. Embora, isso dependerá dos investimentos que o Brasil fará na exploração de suas reservas.

Minha opinião é que deveríamos repensar os altos investimentos de exploração do pré-sal e redirecionar alguns investimentos em tecnologia de extração do gás de xisto. Se não fizermos isso corremos o risco da Argentina ter preços mais competitivos de energia e capturar os investimentos de produção na América do Sul. Esse fenômeno já está acontecendo nos Estados Unidos, onde atém mesmo empresas brasileiras estão optando pela produção lá em função dos preços reduzidos de energia.

Por Eduardo Fagundes

Eduardo Fagundes é fundador da nMentors. Engenheiro, professor, pesquisador e empreendedor. Como executivo (C-Level) desenvolveu projetos de tecnologia na Alemanha, Argentina, Estados Unidos, Índia, Inglaterra e Itália. No Brasil, lidera projetos complexos de tecnologia e sustentabilidade para os setores de engenharia, manufatura, serviços e energia. Atua como coordenador acadêmico em projetos educacionais avançados de capacitação profissional.