Qual a energia elétrica mais barata?


Na indústria, o custo da energia elétrica impacta diretamente os custos dos produtos e a lucratividade. No lado do consumidor, o custo da energia elétrica impacta no seu poder de compra de outros bens e serviços. Ou seja, tanto a indústria como os consumidores devem buscar consumir energia elétrica mais barata.  

Os grandes consumidores de energia elétrica, com demanda acima de 500KVA, pode reduzir o custo de energia comprando diretamente dos geradores de energia, reduzindo o custo da energia comprada da concessionária de distribuição de energia local. Cada modalidade de geração tem seu custo, que depende do tipo de geração (eólica, fotovoltaica, hidráulica, biomassa) e do investimento na planta. Entretanto, existe uma parcela do custo da energia elétrica, entorno de 50%, que são impostos e o custo dos serviços de transmissão de energia, a TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição), conhecida no mercado como o “custo do fio” ou “pedágio”. A TUSD varia de concessionária para concessionária.

Os consumidores de pequenas empresas e residenciais, chamados consumidores cativos, devem se submeter as tarifas determinadas pela ANEEL e as bandeiras tarifarias, que variam para cima quando existe a necessidade de uso das termoelétricas, que além de serem mais caras, ainda poluem mais. Ou seja, aquele consumidor cativo que busca produtos sustentáveis acaba consumindo energia elétrica gerada por fontes fósseis.

As grandes empresas fazem contratos de longo prazo no mercado livre de energia, normalmente, acima de 5 anos para obter mais vantagens de custos. Eles podem comprar diretamente dos geradores ou via comercializadores varejistas, que intermediam as compras. O uso dos comercializadores varejistas simplifica a compra de energia e os aspectos burocráticos junto aos órgãos reguladores e de controle, fazendo todos os procedimentos operacionais de um agente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

Todos estes processos ainda não garantem que os grandes consumidores comprem a energia mais barata, pois ficam expostos aos aumentos de impostos e variações da TUSD. Pior ainda para os consumidores cativos que, além de ficarem vulneráveis aos aumentos autorizados pela ANEEL, não tem previsibilidade do custo da energia para planejamento financeiro.

As empresas dentro deste cenário de incertezas sobre um dos seus principais insumos de produção buscam reduzir custos em outras áreas, como reduzir pessoal ou substituir matéria-prima de qualidade por outras mais baratas, podendo prejudicar o ciclo de vida do produto, gerando insatisfação nos clientes. No lado do consumidor residencial, busca reduzir itens de consumo que lhe trazem satisfação e, em casos mais drásticos, reduzir até itens básicos.

Mas afinal qual a energia mais barata? É a energia que você deixa de usar por eficiência energética. Embora, tão evidente, esquecemos de investir mais profundamente em ações de eficiência energética. Veja um simples caso quando você trocou a sua lâmpada incandescente por uma de LED, qual foi a economia que trouxe. Às vezes, não queremos investir em uma geladeira nova com selo PROCEL por acharmos que a nossa ainda funciona bem (time que está ganhando não se troca!), entretanto, o valor a mais que você paga de energia poderia comprar várias geladeiras ao longo dos anos.

Na indústria, infelizmente acontece o mesmo. Uma pesquisa da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia) de 2017, mostrou que entre 2014 e 2016 o Brasil desperdiçou 143.647 GWh, ou seja, um volume 1,4 vezes maior que toda a produção de energia elétrica de Itaipu em 2016, com um potencial de economia de R$ 61,71 bilhões.

Uma desculpa comum para não avançar em projetos de eficiência energética é que não existem recursos financeiros para investir em soluções de redução do consumo de energia. Às vezes, são os próprios técnicos e engenheiros de manutenção que assumem esta premissa e não buscam soluções de eficiência energética. Como as atenções estão voltadas para o paradigma da compra de energia, soluções de redução de consumo via eficiência energética não são consideradas.

A boa notícia é que existe dinheiro barato para investimentos em eficiência energética. O Programa de Eficiência Energética (PEE) da ANEEL tem recursos de aproximadamente R$ 570 milhões por ano destinados a eficiência energética. Todas as concessionárias de distribuição são obrigadas a destinar parte de suas receitas líquidas operacionais para o programa. As empresas podem submeter seus projetos ao PEE e, se aprovado, recebem os investimentos e pagam com o valor economizado para a amortização do projeto. Ou seja, só não submetem os projetos aquelas empresas que não desenvolvem projetos de eficiência energética.

Para as empresas de capital fechado, é compreensível que o dono opte por pagar a conta do desperdício. Entretanto, para empresas de capital aberto é inaceitável não existirem projetos de eficiência energética.

Agora, como os compromissos renovados de redução das emissões de gases do efeito estufa para conter o aquecimento global, o papel de eficiência energética ganho nova significação, sendo uma solução tangível e, portanto, medida para cumprir as metas globais de proteção do planeta.

Para desenvolver projetos de eficiência energética é fundamental que se tenha dados para as análises. Empresas com nível de automação elevados possuem mais oportunidades de redução do consumo de energia por terem mais dados disponíveis. Entretanto, hoje com a redução de custos de sensores e dispositivos remotos de controle qualquer indústria pode investir em controle de seus ativos. Com dados de uso dos equipamentos e os processos produtivos é possível maximizar o uso de energia. Como resultado desta monitoração em tempo real amplia-se as oportunidades de busca de mais produtividade nas fábricas.

Resumindo, invista na energia mais barata disponível e assuma o controle de seus custos operacionais, reduzindo sua dependência da dinâmica do setor elétrico nacional.

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